domingo, 14 de novembro de 2010

Despedida



A pior parte é, sem dúvida, a cicatrização. É perder lentamente a sua lembrança e ter consciência disso, mas nada poder fazer. Esforçar-me para recordar os nossos momentos juntos, nossas intimidades e confissões, em vez de eles simplesmente virem, sem aviso ou momento certo. Afinal, algo está morrendo em mim, e deixando a incerteza em seu lugar.
Eu me acostumei a, mesmo nas mais adversas circunstâncias, guardar esse sentimento como uma espécie de talismã. Até em meios às lágrimas e à dor, eu jamais duvidei do que sentia. O tempo, porém, está a levar-te. A jovem cicatriz mascara um passado calejado.
Parece mais fácil esquecer, friamente falando. Parece mais fácil fingir que não me importo e que você é apenas mais um. Mas não é! Não sentir mais o seu cheiro mesmo à distância nem recordar o som da sua gargalhada é mais doloroso que chorar de saudade. Ouvir as nossas músicas sem ver um vídeo passar em minha cabeça é mais preocupante que te lembrar em cada detalhe da minha rotina. E não mais imaginar você comigo me fez perceber que, por mais que eu queira, eu não vou conseguir te amar para sempre.
Não foi só você que mudou, mas minhas concepções também. Eu não imaginaria meu futuro sem ti, mas, ao mesmo tempo, eu já estava sobrevivendo sem você ao meu lado. E aprendi. Não queria, mas tenho de admitir: hoje você é apenas passado. Cada hora leva mais um pouco de ti, e o que fica é só saudade.

Paula Braga.