Então eu me canso, escondo-me, fujo de ti como um dependente fugindo do vício. Coloco milhões de defeitos seus na minha cabeça, mesmo sabendo que metade deles é mentira, e a outra metade eu amo quase tanto quanto as qualidades. Não lhe procuro, mesmo que todas as minhas forças peçam o contrário, pois o meu coração precisa de um tempo.
Fecho-me em silêncio e fico a te observar, de um jeito masoquista, tocando a vida em frente. Até quando vai ignorar essa situação? É impossível que você não sinta a minha ausência... Ou será que não? A raiva cresce com as dúvidas e eu me guardo em rancor. Vou me agarrando a qualquer motivo plausível que justifique a minha decisão de ficar longe.
Viro-me de costas e fecho os ouvidos pra não ouvir o ruído da sua rotina que, ao contrário da minha, segue normalmente. Forço um caminho contrário ao seu, como se não me importasse, mas espio por cima dos ombros a sua ingrata felicidade. Com os punhos cerrados, ensaio voltar somente para lhe dizer os meus motivos para ir, mas vejo que não faz diferença: você me deixará partir. Como todos os outros, você me deixará ir sem sequer saber a causa.
Dessa vez, porém, estou fugindo para justificar minha saudade. Quero distância para explicar a mim mesma o fato de eu querer sentir falta do seu sorriso depois de cinco minutos sem te ver, ao invés de sentir a ausência do teu abraço perdido há meses, sem expectativa de retorno. Quero ter histórias vividas ao invés de históricos no computador. Quero olhos-nos-olhos, cabeça no ombro, sorriso cúmplice. Quero conhecer todas as suas feições, seus trejeitos e suas expressões. Quero dormir com sua voz na cabeça. E, acima de tudo, quero ter saudade do que tenho de fato, não do que finge ser meu.
Paula Braga.
Belo texto e belo Layout novo!
ResponderExcluirPaula.. tá lindo!
ResponderExcluiramei...
aaaamei dms
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