Tenho tido pensamentos quietinhos, o que não é do meu feitio. Mas dizem
que quando muito se admira alguém, a tendência é refletir o que ela lhe emana.
E, que surpresa, o que eu aprendi a espelhar: meu carinho aprendeu a ser assim,
quietinho, mas sem diminuir.
Veja bem, caro leitor, se há espaço para identificação: a verdade é que
nós somos o produto do que se vive com quem se ama. Não se trata de perder a
essência ou o caráter (quando saudável, vale ressaltar), não se anula ou
suprime, não se perde a identidade. O amor é positivamente capaz de lavar a
alma de tantos vícios, que muitas vezes se acomodam por se acreditar serem
natos. Lava-se a alma por tê-la despido para outrem, cuja alma lhe foi mostrada
de volta.
Essa beleza íntima às vezes sequer é percebida, de tão sutil. É um
fôlego a mais quando antes já se teria explodido; é um sincero pedido de
desculpas; é um esforço a mais para devolver a admiração sentida. É pensar no
outro antes de pensar em si, mas é também cuidar de si por ser tesouro para o
outro.
Portanto, cá estou, com meu temperamento intempestivo, assegurando que a
mudança é natural. Trata-se de alimentar e preservar algo mais valioso que
todas as superficialidades. Toma-se como premissa aquilo que lhe tocou a alma e
deixa-se que ele a enobreça. É tomar para si esse caminho de transcendência e
querer fazer com que ele dure pela eternidade.
Paula Braga.
P.s.: "é que, vez ou outra na vida, a gente tem
a sorte de encontrar alguém pra vida toda."
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