Minha recaída tem um quê de coisa antiga, um par de lábios
rosados e um ar de liberdade quase que vital. Engraçado como eu tenho paixão
por quem tem essa necessidade urgente de sentir-se livre; talvez eu admire
porque me falta. Talvez fosse exatamente você que me faltasse.
Eu constantemente me pego tentando entender como começou.
Não sei se foi quando descobri seu coração “cego e peludo”, ou quando sua
companhia tornou-se uma agradável constante, ou quando passei a correr para os
seus braços quando o delírio me consumia, e em você encontrei afago e sensatez.
O que preciso e o que me falta. Mas desconfio que foi sobretudo quando te
descobri para além do que todos veem. Quando
despi meu véu e desmontei sua armadura.
Eu me pergunto até hoje em que momento ou gesto eu mereci te
ver.
Peguei-me, então, oferecendo-lhe uma lealdade silenciosa e voluntária,
meu presente mais sincero, seu pedido mais secreto. Descobri em mim uma
paciência totalmente inédita, e em você um companheirismo pouco reconhecido. Eu
li nos seus gestos o quanto você precisava de tudo o que eu me dispus, de corpo
e alma, a dar. Não tinha como não ser, também, de coração.
Coração esse que não quis mais ficar sem você, afinal. Se
pensou, foi só para sentir a dor da ausência forte o suficiente para que recobrasse o fôlego e
preferisse, sim, sentir-lhe perto mesmo sem poder ter. É a minha escolha, todos
os dias, tal como foi minha escolha voltar aqui, depois de decidir não mais
fazê-lo.
Eu também tinha decidido não mais me apaixonar.
Mas, por você, estou aqui.
Paula Braga.
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