sábado, 22 de janeiro de 2011

Sintonia



“Você sabe que eu estou aqui para ser seu anjo, não é?”
A garota baixinha sorriu, fazendo as lágrimas escorrerem pelo contorno do seu rosto. Ela encarou fixamente aquela figura ao seu lado, que sustentava um olhar reconfortante, transbordando sentimento. Um sentimento verdadeiro, altruísta e incondicional: a amizade.
Talvez ninguém nunca entendesse a sintonia daqueles dois seres, a maneira como se compreendiam, se respeitavam, e, acima de tudo, se amavam. Quem nunca teve um anjo na vida não poderia enxergar o elo que as unia.
A moça mais alta abraçou sua pequena amiga de um jeito protetor, o jeito que ela já se acostumara a fazer. Um abraço de quem tenta isolar quem se ama dos perigos do mundo, de toda a maldade existente no coração das pessoas. Era o gesto mais sincero que compartilhavam, a arma mais poderosa que tinham para afastar a dor dos corações uma da outra. E, naquele momento, era a única maneira de tentar aliviar tamanha aflição.
Depois de várias lágrimas, as duas se soltaram e encaram a paisagem à sua frente. Perderam-se em suas próprias consciências, se perguntando o porquê de tanto egoísmo, tanta falta de consideração no mundo. Era incrível como algumas pessoas mudavam, como a sociedade muitas vezes era egoísta, como era doloroso sofrer uma decepção. Ambas tinham suas dores, suas histórias, seus amores e suas derrotas, mas o importante era a sua ligação, a base emocional que as unia e amparava.
Ao mesmo tempo, elas se deram conta de que, enquanto pudessem compartilhar seus risos e lágrimas, enquanto pudessem confiar seus segredos e enquanto sentissem a enorme necessidade de proteção uma da outra, então, tudo ficaria bem. Não haveria tristeza, dor ou desamor que não fosse superável enquanto seus corações estivessem em sintonia.

Paula Braga.

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