terça-feira, 19 de julho de 2011

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"Os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace." - Victor Hugo
Abraço-te, envolvo-te, protejo-te como se pudesse, num só gesto, esconder-te do mundo. Fazer-te de novo criança, e deixar ao menos uma fração daquela velha inocência tocar essa alma já tão vivida quanto calejada.
Muitos quiseram me mostrar o mundo, e de certa forma o fizeram. Deixaram suas marcas em mim, tanto em forma de aprendizado quanto de lembranças. Apenas os poucos que abriram o coração aos meus cuidados, porém, conhecem-me de verdade e sabem o quanto é sincero e zeloso o meu afeto mais puro.
Você não é exceção. Eu enxergo além dessa capa madura, e consigo ver a sua essência de aprendiz da vida. Sinto o quanto você tem temores, carências, defeitos e outras tantas "fraquezas" que o mundo lá fora não perdoa. Mas o nosso “mundinho paralelo” aceita as impossibilidades que só o amor explica, e é neste que eu vivo quando quero te proteger da ferocidade da vida real.
Aquele papo de “anjo” já está um tanto batido, então direi apenas que, quando tudo parecer perdido, eu estarei lá para lhe proteger. Sem cobranças ou apelos, como uma espécie de “saída de emergência” para garantir a sua segurança emocional quando algo lhe afligir.
Eu te solto do meu abraço a duras penas, já sentindo a iminência da falta que você me faz. Em antítese ao meu íntimo, não me demoro na despedida, mas dou vazão ao receio com uma única súplica:
“Cuide-se.”

Paula Braga.

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