segunda-feira, 4 de julho de 2011

Saudade

“Isso está me matando.”
Ela estava à beira da piscina, sentindo um abandono que não tinha explicação lógica. Por que deixara a situação chegar àquele ponto? Por que se deixara cativar de maneira tão intensa? Mas já não se via sem a certeza de que alguém, mesmo distante, estava “ali”. Não sabia viver sequer sem a saudade, sufocante, dolorosa, mas sempre presente. Um lembrete de que eram reais, todos os juramentos, segredos e sentimentos.
Mas isso era o de sempre. Essa saudade infinita a acompanhava em cada respiração. Já estava acostumada a amar a ausência, para ter o que amar mesmo nas horas mais solitárias. Ater-se às poucas lembranças sólidas, e às infinitas abstratas. O que não julgava lógico era ainda sentir nos seus braços o calor daquele abraço, tão raro quanto desejado, e ter de lutar contra a tristeza que lhe tomava com a força de um canhão.
O desespero lhe subiu à cabeça. Tiveram tanto tempo para se conhecer, e, no entanto... Quantas vezes se viram sem se ver?  Dúvidas, angústias, impotência... Saudade. É, talvez a ausência não fosse tão fácil assim de se aceitar.
Ela tirou o celular do bolso e enviou uma mensagem, que tentava mostrar pelo menos um décimo do que estava sentindo. Encarou a superfície calma da piscina enquanto refletia sobre o que havia dito, e sobre tudo o mais que queria dizer. Não esperava resposta, como nunca havia esperado. E a resposta tampouco chegaria. Mas sabia que, em algum lugar não muito longe dali, um celular havia vibrado e alguém havia se emocionado com a verdade por trás daquelas poucas palavras.

Paula Braga.

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